As transformações observadas nos jornais impressos têm consequências para a sociedade. Embora as pesquisas na área de Jornalismo tenham se dedicado a investigar aspectos econômicos e tecnológicos dessas mudanças, estudos no campo de Capital Social apontaram que as consequências podem se manifestar para além dessas duas dimensões. Por isso, esta dissertação teve como objetivo analisar como a crise dos jornais impressos se relacionava com o capital social. Neste trabalho, utilizou-se o paradigma da complexidade. Portanto, a metodologia foi estabelecida pela religação dos saberes, pelo pensamento dialógico, pelo processo recursivo e pelo princípio hologramático. De forma complementar, a metodologia de pesquisa pode ser definida pela abordagem qualitativa, de resultado teórico, objetivo geral exploratório e delineamento de pesquisa bibliográfica. A coleta de dados foi feita por meio de revisão de literatura sistemática integrativa e entrevistas em profundidade com seis especialistas. Já para a análise dos relatos utilizou-se o método de comparação constante. As entrevistas evidenciaram três eixos principais de transformações. Primeiro, as mudanças no produto decorrentes de pressões econômicas, tecnológicas e ideológicas. Essas pressões foram percebidas quanto à queda de receita publicitária, a competição pela notícia imediata com a internet e as alterações nos ideais profissionais. Segundo, as relações com o Estado marcadas pela interdependência entre os dois atores. Por um lado, o Estado se tornou o principal anunciante em muitas publicações. Por outro, o jornal assumiu um papel de mediação que pode tanto promover o capital social quanto controlar o fluxo de informações. Terceiro, as relações de comunicação tradicionais com os leitores podem se tornar mais horizontais, baseadas na mútua influência. Essas transformações pressionam o jornal a ocupar um novo espaço informativo. Para o jornal, esse lugar deverá ser marcado pela análise e curadoria de informações. Para o jornalista, poderá significar maiores especialização e cultura. Para o leitor, poderá se traduzir em maior poder de voz. Como o consumo de jornal foi ligado aos indicadores associados ao capital social, a proposta da formação de comunidades de informação – estruturadas em redes horizontais entre o jornal e os leitores – surge como alternativa para fomentar a cooperação e evitar que a ligação positiva já estabelecida com o capital social seja perdida.
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