O conceito de saúde é considerado complexo e abrangente, o que o torna um constructo presente em vários campos do saber, seja em relação aos aspectos biológicos, no que concerne o tratamento ou prevenção a doenças, ou na promoção do bem-estar das pessoas, adotando-se a mais nova compreensão da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT). A contemporaneidade, impulsionada pela Transformação Digital e assolapada pela pandemia do novo Coronavírus, trazem consigo uma urgência em repensar padrões, relações e gestões, do nível pessoal ao organizacional em busca desse bem-estar. Organizações têm repensado seu modelo de gestão, a fim de considerar seus capitais humano e social em uma perspectiva cada vez mais integradora, o que exige um olhar sistêmico e holístico, ao mesmo tempo, atentando para pessoas e seus relacionamentos, percebendo suas singularidades e diferenças, buscando implantar uma gestão baseada na equidade. Nessa perspectiva, surge o conceito de Organizações Saudáveis, abrigado na Psicologia Positiva e na Psicologia do Trabalho, que possui seu cerne no desenvolvimento de processos que primem pelo bem-estar nas organizações em seus mais variados níveis, iniciando pelas pessoas que as compõem. O desenvolvimento de uma Organização Saudável tem por finalidade criar um ciclo de bem-estar, acreditando que um determinado grupo da organização afeta o outro, que afetará outro e assim sucessivamente, até afetar, novamente, aquele primeiro. Com o objetivo de propor um modelo conceitual para o desenvolvimento de organizações saudáveis, com base no capital humano e capital social, foi realizada uma pesquisa qualitativa, por meio do Método Design Science Research, adaptado de Dresch, Lacerda e Antunes Júnior (2015). De acordo com o método validado pelos autores, a criação de artefatos – aqui nomeado modelo conceitual – surgem no momento em que se identificam que as explanações encontradas na literatura, acerca de determinado tema, ainda não são conclusivas, possibilitando que, a partir daí, o pesquisador crie um modelo, levantando hipóteses e variáveis, passíveis de serem verificadas. Assim, após todo o processo de revisão de literatura e arquitetura de um robusto arcabouço teórico, a primeira versão do modelo, batizado de MoDOS, tornou-se possível. Posteriormente, considerando a necessidade de verificação, o modelo foi analisado por especialistas renomados, com notório saber acerca da temática, que realizaram suas contribuições. Como resultado, o MoDOS pôde ser aperfeiçoado, a fim de que cumpra com os objetivos propostos, resultando em sua terceira e última versão. Por fim o modelo ainda passou por um processo de sintetização, culminando na geração de um framework que torne possível sua aplicação em contextos organizacionais reais. Ficou evidente que se torna cada vez mais necessário o repensar da gestão organizacional, com a intenção de que, mesmo na era da inteligência artificial, processos, relações e, sobretudo, pessoas, sejam (re)humanizadas, permitindo que estas estejam em pleno uso de suas competências e capacidades, culminando em organizações mais saudáveis. Esta pesquisa contribui para o avanço dos estudos na área, pois apresenta um modelo que engloba todos os vieses existentes no desenvolvimento de uma organização saudável, após uma extensa e minuciosa análise da literatura, colaborando com a disseminação do conhecimento nos níveis acadêmico e organizacional.
Palavras-chave: Organizações saudáveis. Capital Humano. Capital Social.
Link para Download: William Roslindo Paranhos.